



19-Wargel é um grupo de 4 videoartes que investigam as intersecções entre o humano e a máquina, a materialidade dos dados e os efeitos da tecnologia sobre a experiência sensorial e biológica.
O título surge da fusão dos termos software, hardware e angel, sugerindo um ser híbrido – um anjo cibernético emergindo de um sistema corrompido. O número 19 remete ao ano de produção, 2019, estabelecendo um marcador temporal que reforça o contexto digital efêmero e acelerado.
“Entre os meus (me faço raridade)
Fruto da “meia-sorte”, da seleção
não feita
Da brecha entre as linhas
Me instalei (re) configurei nos pontos em aberto
fiz refúgio onde me coube
não sei até quando conseguirei aguentar
Se existir já é um ato de resistência
Permaneço até modificar a programação dos fatos.”
Assinado WARGEL de algum computador danificado.
19 Wargel (2:28 min) c/ som, 2019.
A obra principal apresenta WARGEL, uma entidade virtual que habita circuitos defeituosos e arquivos fragmentados. Ele resiste à formatação, reivindicando sua própria memória e identidade dentro de um universo tecnológico que constantemente reconfigura e descarta informações. WARGEL não é apenas um erro de sistema, mas um agente reflexivo, desafiando o espectador a questionar até que ponto a tecnologia molda comportamentos e percepções do real.
AVI, personagem humano dentro da obra, representa a simbiose entre ser humano e ciberespaço. Dependente da tecnologia, ele não percebe as transformações em seu próprio corpo e mente – um reflexo da sociedade contemporânea, onde a mediação digital altera padrões de sono, atenção e identidade. A relação entre AVI e WARGEL questiona a dualidade entre operador e operado: quem controla quem? Quem dita as regras da existência no universo virtual?
Acompanhando de três videoartes complementares (Chip Beleza, Fio Funcional e Despertar para o Sono), estruturadas como tutoriais digitais – um formato amplamente reconhecido e consumido no ambiente online. Essas peças ironizam a estetização da vida cotidiana e a naturalização de práticas tecnológicas que redefinem necessidades básicas como beleza, alimentação e descanso.
Chip Beleza (1:00 min), s/som, 2019.
Wargel se esforça com sua falta de carisma para tentar expor alguns produtos que fazem sua cutis rejuvenescer mesmo não precisando pois o que tem como rosto é apenas uma projeção do que os seres-humanos iriam associar e ou gostar, na tentativa frustrante de se manter vivo.
Fio Funcional (1:00 min), s/som, 2019.
Wargel elabora uma receita de materiais eletrônicos, entre fios e sabores artificiais, desafiando o espectador a experimentar suas peripécias.
Despertar para o Sono (1:00 min), s/som, 2019.
Wargel dá dicas de como se obter uma boa noite de sono, com truques infalíveis mesmo com o brilho no máximo e o azul da tela de seus aparelhos.

Ao fundir estética lo-fi, gestos automatizados e narrativas de autodiagnóstico digital, 19-Wargel propõe um ensaio visual sobre a fragilidade da autonomia humana na era da inteligência artificial e da hiperconectividade. A obra convida o público a uma reflexão crítica:
somos usuários ou produtos do sistema?




