


Em Viva ao Vivo (2016), a imagem torna-se um território de disputa entre o digital e o real, onde a construção da identidade se desdobra em múltiplas camadas e suportes. O pixel sobre o papel simboliza essa transição: um avatar que se reinventa tanto nas telas virtuais quanto nos processos serigráficos, questionando a relação entre autenticidade e representação.
A obra (tela serigráfica)* foi apresentada na exposição "Arte 16" na Galeria Angelina W. Messemberg, em Bauru (SP), como um convite instigante à reflexão sobre a construção e a fluidez da identidade em um mundo hiperconectado, onde a presença online, muitas vezes, se sobrepõe e até mesmo molda a existência offline.
Viva ao Vivo provoca uma reflexão sobre a plasticidade da identidade e as dinâmicas de autoafirmação no contexto tecnológico. A exigência de estar sempre visível, editado e performático esbarra na necessidade de presença real.


A serigrafia aqui é pensada como o gesto que materializa o pixel: cada ponto de tinta carrega a memória da tela, um dado que ganha peso, textura e imperfeição.
Entre o papel e o brilho da tela, existe um território de tradução — onde o que era luz se torna cor, e o que era clique vira impressão.
Trazer o pixel para o papel é também um gesto de resistência à fluidez descartável das telas — é um modo de tornar vivo o que antes existia apenas em trânsito.
Viva ao Vivo propõe essa fricção entre universos, um lugar de coexistência entre o humano e a máquina.
Onde a reprodutibilidade, alcançada pela ação manual e não pela replicação digital infinita, é uma estratégia artística deliberada: ela critica a perfeição asséptica e a reprodutibilidade instantânea do digital, ressignificando o pixel de uma unidade abstrata de luz para uma marca física, carregada de intenção, textura e acessibilidade, democratizando a imagem e inserindo-a de forma orgânica no cotidiano.

Onde o erro, o desfoque e o ruído digital se tornam vestígios palpáveis da "promoção pessoal através da imagem" – a constante curadoria de feeds e perfis – e a incessante mutação de um mesmo indivíduo no ambiente virtual, onde a identidade é maleável, constantemente reeditada e performática. A obra levanta a questão central e provocadora que me move:
"Se no virtual você pode ser quem quiser, quem você é no mundo real?"

É um convite para que cada um se aproprie da sua narrativa, abrace suas falhas e sua singularidade como elementos constitutivos da sua autenticidade, descobrindo a potência inabalável de uma existência que não precisa ser validada por likes, comentários ou cliques. É sobre a coragem de aceitar o "ao vivo", sentir na pele, com todas as suas vulnerabilidades expostas, e sobre aprender a chorar onde cada gota se torne mar, transformando a dor e a fragilidade em uma fonte de força, empatia e conexão profunda com o eu e com o mundo.
Imponha-se… Viva ao Vivo.
Produção e construção de imagem resultante de ensaio fotográfico, com escolha de imagens, finalizando em montagem para tela serigráfica. Impressão Serigráfica sobre Papel.

Viva ao vivo (2016)
Arte Digital e impressão serigráfica.
29,7 x 42cm
Obra exposta em 2016 na exposição : "Arte 16" na na Galeria Angelina W. Messemberg - Bauru , SP.






