
Born Cyber Drama (2017)

A Origem de uma Poética Digital
Born Cyber Drama (2017) marca o surgimento do Cyber Drama (C.D.), conceito que sintetiza os dilemas emocionais, a estética da virtualidade e os paradoxos da experiência digital contemporânea.
A sigla C.D. não apenas remete à expressão cyber drama, mas também evoca o compact disc, uma mídia digital que, assim como certas dinâmicas online, passou por um processo de obsolescência e sucateamento.
Com vídeos de até 1 minuto e 6 segundos, Born Cyber Drama adota a lógica efêmera do consumo de conteúdo nas redes sociais, refletindo sobre o impacto da temporalidade acelerada da internet. Assim como os stories e ou vídeos curtos acelerados que expiram em 24 horas, cada vídeo assume o caráter fragmentado da experiência online, criando um arquivo de sensações digitais antes que sejam dissolvidas pelo fluxo incessante da timeline.
Esta obra não apenas introduz a poética do Cyber Drama, mas também antecipa questões centrais da era digital: a fusão entre humano e tecnologia, o colapso entre o efêmero e o permanente e a tensão entre a liberdade e a alienação no ciberespaço.
Este projeto inicial estabelece os três pilares fundamentais do Cyber Drama – Imagem, Máquina e Sentimentos – e os articula em uma narrativa audiovisual dividida em três atos:
ACT I:
A Alma (Imagem): O usuário descobre a virtualidade e se insere no universo das máquinas. Aqui, a estética do exagero visual e da hiperstimulação sensorial é explorada como meio de sedução e imersão. A tela se torna um espelho de possibilidades infinitas, onde identidade e percepção são moldadas pela lógica algorítmica.


.png)
Como percebo a minha existência no ciberespaço?
O que eu sou e represento por intermédio dos dados?
A primeira conexão é como entrar no mar pela primeira vez – frio, vasto e sem garantias. O usuário, como um corpo que toca a água, sente o choque inicial da virtualidade. As ondas de dados o atravessam, inundam seus sentidos e moldam sua percepção. É uma entrega ao desconhecido, onde a linha entre o real e o digital começa a se confundir.
Estar online é ser atravessado pela pluralidade do outro, como a correnteza que molda e redefine a costa. A cada clique, novos horizontes se revelam, fragmentos de vidas que se entrelaçam como espuma na maré alta. Há o deslumbre de ser parte desse oceano de informações, mas também o peso de se tornar apenas mais um dado, um número entre zeros e uns, perdido nas profundezas algorítmicas.
Mas, mesmo imerso, o que resta do 'eu'? Como navegar sem ser arrastado pelas correntes, sem se afogar na superficialidade? Como transformar essa travessia em algo que nutre, que não apenas consome, mas também cria? Aqui, a água é tanto um batismo quanto uma ameaça, um convite a mergulhar sem garantias, onde cada movimento é um risco, mas também uma possibilidade de descoberta.
Estar aqui é se permitir ser invadido, absorver o caos e se transformar. O mar digital é imenso, mas também é território de criação. Mesmo quando parece que nos perdemos, é nessa imensidão que encontramos a nós mesmos.

Duração: 1:01 Min
Captação de Vídeo: Cristiano Luque
Edição, Roteiro e Montagem: Lexidiny
Áudio: Sea of Aland - Sint-Janskathedraal - Part II
Act II:
O Corpo (Máquina): O indivíduo se vê aprisionado pelos dispositivos e pelas estruturas digitais que antes pareciam libertadoras. O corpo é mediado por interfaces, capturado pelo ciclo de notificações, pela dependência da validação virtual e pela produção incessante de dados. A máquina, que antes era extensão, torna-se controle.



O agente artificial torna-se peça fundamental para uma evolução mais acelerada, como construir uma autosuficiência justa em que se integre corpo e máquina? De maneira que não se torne refém dos processos tecnológicos digitais, pelas facilidades obtidas.
Interfaces que processam e intermediam o diálogo entre números e usuários, a simplicidade de uso pode se tornar manipulação?
A gamificação dos processos, e do próprio corpo pronto para ser introduzido de maneira compulsória, as patologias que se criam através do uso da máquina, o ser pensante está de que lado? O desejo inalcançável que se torna presente, se perdendo através de idealizações utópicas representações não reais, o odio gratuito e seus reflexos nas cultura, reorganizando os sentimentos entre o caos e ordem, entre pixels e pontos, a percepção ganha lacunas entre a extra definição e turva.
Ficha Técnica:
Duração: 1:03 Min
Captação de Vídeo: Aline dos Anjos
Edição, Roteiro e Montagem: Lexidiny
Avatares Presentes: Catharina Belline e Pedro Igor Crisostomo Pereira.
Áudio: PC Noise & Pedicure Records - Way Harder
Act III:

A Prática (Sentimentos): Em meio à saturação, emerge a busca por um novo equilíbrio. O usuário descobre formas de reconexão consigo mesmo através do virtual, ressignificando sua relação com as redes e explorando possibilidades criativas dentro desse ecossistema. O digital deixa de ser apenas consumo passivo e se transforma em um campo de experimentação e autoconhecimento.
Caminhamos para uma tradução dos sentidos através das máquinas, esses são potencializados através do maquínico que reorganiza o orgânico, os efeitos de presença e seus sentidos causam tensão (através da representação).
O agenciamento de experiências cria uma dualidade entre o corpóreo e o incorpóreo, até que camada é possível sentir o virtual?
Lançar-se a virtualidade é re-significar um novo espaço através dos números.



Ficha Técnica:
Duração: 1:03 Min
Captação de Vídeo: Aline dos Anjos
Edição, Roteiro e Montagem: Lexidiny
Avatares Presentes: Catharina Belline e Pedro Igor Crisostomo Pereira.
Áudio: PC Noise & Pedicure Records - Way Harder



















